Essa não é a sua vida.

5 de novembro de 2008

Cíclico

Hoje eu acordei como se tivesse um tumor dentro do peito. Fico triste que os dias felizes não tenham rendido bons textos. Mesmo assim a gente segue a escrever. Menos por quem está do outro lado, mais pelos tumores que aparecem a certas manhãs.
Penso em meios de me livrar das escolhas que fiz. Desde o começo do ano, devoro impacientemente os personagens que encontro nos livros. E eles nunca me foram tão necessários.
Meu personagem aprende aos poucos como é bom ser livre, e como as escolhas, mesmo as de liberdade, criam tumores invisíveis. Penso em quanto tempo mais optarei por não fazer a escolha de sair das escolhas passadas. Foram poucos os que vi não se enterrando nas opções erradas por um cálculo bobo de orgulho, ou mais ainda de acomodação.
Mesmo que fique aqui parada por mais 100 anos, sei que o mundo faria minhas opções. E nem por isso seria liberdade.
Trocaria hoje toda literatura por uma inchada, muito sol e uma bela paisagem. Aquele mundo que meus avós lutaram tanto pra escapar. Espero que me perdoem.

4 comentários:

Pattiê, disse...

SUPER tem entendo! E ando pensando demais na tal máxima "cada escolha uma renúncia"... Me dá uma dor no peito só de pensar que tia Clarice tinha razão quando dizia "liberdade é pouco, o que eu quero ainda não tem nome". E logo eu que acreditava tanto na liberdade...

PS: eu sei sim a felicidade que dá quando a gente percebe que tem pessoas que nem nos conhecem, mas que lêem o que escrevemos. Muito me agrada seu blog - só pra reforçar.

Boa sorte com as escolhas.

Quéroul disse...

posso falar que eu sou MUITO feliz qdo tô com a pá na mão?
tô no momento *escrever* e me mato de saudade de carregar meus baldes e peneirar por aí...

De Marchi ॐ disse...

É o melhor post que já neste blog até hoje... :)
Lucidez, a quimioterapia ideal.

Luciano Costa disse...

Bom blog, entrei pelo link no do Junior...o caipira manda bem também né...

ciclos como os cem anos de solidão do márquez. feito devaneios de holden caulfield ou andanças breacas do velho buk.