A profissão dele hoje é arrumar guarda-chuvas. Tem um cemitério de varetas para concertar os acidentados. Não sei porque cargas alguém se mete a levar um guarda-chuva pra arrumar. Mas eles chegam todos os dias, machucados das tormentas passadas. O Tamiro passa os dias entre a namorada nova e o ofício de dar vida aos protetores de chuva. Me levou pra ver a casa do fundo, que fez tijolo por tijolo e azulejou utilizando um cemitério de peças quebradas. Por fim, me apresentou ao milagre das frutas que nascem de suas mãos. Uma videira linda, que brota no quintal de casa. Doce de figo, da varanda também e feito pelo dono do lar.
- Tio, por que o senhor não aluga essa casa aí do fundo?
- Ah, minha filha, você sabe como são os Selicanis. Não precisa tanto dinheiro assim não, só viver em paz.
2 comentários:
Viver em paz.
E garanto que não é tão difícil. Só se deixar viver!
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