
Nós já sabíamos que ela não resistiria a doença no fígado. Nos últimos dias em que a vi, ela delirava coisas que os médicos nunca disseram, como o transplante do órgão. Dizia emocionada que ele viria. Olhos cheios de água. E o que se faz quando se sabe que a pessoa que amamos não viverá mais?
Fazia muito frio na primavera mineira. Ela passava os dias no terraço, perto da horta. Enrolada em alguns panos, procurava incessantemente aqueles pedaços de sol que apareciam nas manhãs geladas. O melhor sol da minha vida. Horas de silêncio dentro daquela situação de vida que era sempre a última. Eu ficava quietinha, olhando a fotossíntese dela. Ela renascia a cada toque do astro rei. Calor. Levantava da cadeira velha e lembrava que aquilo tudo ia passar. Hoje ele me toca como uma benção. O sol teimoso das manhãs geladas. É a comunicação que ainda tenho com a minha avó. E ela me abençoa de um lugar que não sei onde. Não é mais o terraço perto da horta. Nem a primavera mineira de 2006. Eu faço a minha fotossíntese de olhos fechados, com a certeza que aquilo tudo passa.
Fazia muito frio na primavera mineira. Ela passava os dias no terraço, perto da horta. Enrolada em alguns panos, procurava incessantemente aqueles pedaços de sol que apareciam nas manhãs geladas. O melhor sol da minha vida. Horas de silêncio dentro daquela situação de vida que era sempre a última. Eu ficava quietinha, olhando a fotossíntese dela. Ela renascia a cada toque do astro rei. Calor. Levantava da cadeira velha e lembrava que aquilo tudo ia passar. Hoje ele me toca como uma benção. O sol teimoso das manhãs geladas. É a comunicação que ainda tenho com a minha avó. E ela me abençoa de um lugar que não sei onde. Não é mais o terraço perto da horta. Nem a primavera mineira de 2006. Eu faço a minha fotossíntese de olhos fechados, com a certeza que aquilo tudo passa.
4 comentários:
lindo... também sinto muita falta da minha véia. Já faz mais de um ano.
Estranho é que não sinto tristeza, só saudade. Chorei no dia, na primeira saudade e depois... nunca mais.
É estranho notar que, de todos os fetiches necrófilos divididos entre a família, o único objeto onde de fato a encontro e sinto viva é no meu coração.
...
...
calma, coração.
e antes de ir elas deixam preciosos conselhos que teimamos em não seguir, mas confidenciamos em mesas de bar.
O amor vai além. Muito além de onde nossa imaginação pode alcançar. Mas sei que existe.
Que não acaba. E o que levamos para esse além inexplicável, é isso.
O amor.
Um beijão em ti, querida
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