Não sou uma pessoa amargurada, na maioria das vezes tenho muita energia. Mas hoje me imaginei em uma sala escura e alguém me batendo muito, muito mesmo. Me batendo sem que eu soubesse o porquê. Me batendo de fazer doer o estômago, o fígado e os dentes. Depois de apanhar e não reagir (não por opção, mas por falta de força mesmo) eu iria chorar. Chorar por todas as amarguras da minha vida, todas as derrotas, todas as vezes que optei por ser medíocre, todas as vezes que silenciei, todas as declarações de afeto e de mágoas que não fui capaz de fazer. E seria o choro da minha vida. Mas ele só aconteceria depois que alguém me propiciasse um momento de dor física muito intenso acompanhado da humilhação da falta de força. Depois do choro de horas e da dor moral, minha alma seria de uma maltrapilha, mas seria uma alma mais leve. A cena não é um sonho. É uma daquelas situações que a gente cria durante uma viagem de ônibus, na fila do banco ou durante uma peça de teatro. Assim como todo mundo, tenho milhares delas que um dia colocarei num roteiro de um filme lado B. Mas essa cena pra mim pareceu fazer mais sentido que um filme lado B.
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